Nosso processo.

Nosso processo

Era uma sexta-feira à noite e como de costume eu e Pitter estávamos sentados tomando um vinho com um casal de melhores amigos. A nossa amiga estava organizando a sua caixa de medicamentos e resolve jogar um teste de gravidez na minha direção por uma brincadeira boba, dizendo para eu levar para casa, pois ela não precisaria tão cedo, rs.
Ignorei com sucesso! Eu havia parado de tomar o meu anticoncepcional, pois ele estava me fazendo muito mal, mas não estávamos com planos de filhos nesse inicio de ano. —Estávamos com a vida corrida com as nossas empresas, eu estava fazendo MBA e tocando alguns projetos de fora. — Enfim, levei embora o teste de gravidez por insistência deles.

No domingo seguinte passamos o dia todo em casa e no final da noite eu levanto para fazer xixi e ao ver o teste em cima da minha cômoda, resolvo testar para ver como funcionava.
Apareceu 1 risco. Ok.
Pego o teste novamente para jogar fora e me deparo com 2 riscos.
Eu estava grávida! Mas não podia ser.
Domingo, às 23h, casal é visto na farmácia comprando teste de gravidez que contabiliza semanas. HAHAHA
No dia seguinte, repito o teste e lá estava eu: grávida de +3semanas.
Ficamos radiantes. Mas mesmo assim, fomos fazer o exame de sangue.
E deu muito positivo. Segundo o Google, o nível de beta hCG deveria dar entre 5 e 426mlU/ml. E o meu deu: 1717,9mlU/ml, muito mais do que deveria dar para o tempo de gestação que eu estava. Uma das explicações era que poderia ser gêmeos. Fiquei empolgada com a possibilidade!
Mas eu estava grávida! 15 dias sem tomar anticoncepcional e engravidamos.
Fizemos duas ecografias nos dois meses seguintes e foi descartada a possibilidade de gêmeos.

Final de maio, estávamos com 3 meses de gestação e fomos fazer um exame mais completo, comum desse período e levamos um susto ao descobrir que eram dois bebês. DOIS BEBES.
Gêmeos univitelinos.
Aqueles que são iguaizinhos.
Ficamos em choque! Não deu tempo de comemorar, pois o médico já estava com sinais de preocupação no rosto.
E aí veio a notícia: tínhamos dois bebês unidos pelo tórax e com múltiplos problemas de má formação. Um único coração. Impossível reverter com cirurgia. 200mil casos para 1. Algo muito raro. Um acidente celular.
BEBÊS INCOMPATÍVEIS COM A VIDA.
Mas ainda assim, eles estavam vivos. Crescendo. Respirando. Me dando enjoos.

Passei aquele dia vegetando, trabalhando na nossa empresa. E ao chegar em casa, eu desabei. Nunca achei que algo pudesse doer tanto. Nunca chorei tanto quanto chorei naquele dia.

Os primeiros dias foram muito difíceis. Não foi nada fácil contar para nossa família e nossos amigos mais próximos algo tão triste e complexo.
Mas o Senhor já estava falando com a gente.
O Senhor já estava nos consolando de dentro para fora.
Três dias depois da notícia, em uma reunião de amigos, havia um amigo pastor que não sabia da notícia ainda, e ele estava contando um testemunho para nós do que ele tinha vivido naquela semana, e aí nos demos conta que o Senhor havia preparado aquele dia para nós. Através da vida desse amigo, o Senhor falou conosco de forma surpreendente tudo aquilo que Ele já estava falando e nós ainda não estávamos entendendo. Sobre processo. Sobre caráter de Cristo. Sobre eternidade. Ele confirmou todas as coisas.
Algo extraordinário aconteceu então, como uma brisa suave, de mansinho, sem que nos déssemos conta ela chegou: a Paz que excede todo o entendimento humano.

Mesmo sem merecer, o Senhor se mostrou presente de forma sobrenatural, Ele veio com uma paz que eu não tenho como explicar, nos consolou e nos tirou a dor com as suas mãos poderosas. Abriu nossos olhos e nossos ouvidos para o processo que Ele estava realizando em nós, através dessa situação.
O Senhor nos falou sobre a verdadeira Fé.
O Senhor nos ensinou sobre a nossa verdadeira natureza de filhos.
O Senhor nos mostrou na prática o que é a Paz que a Palavra fala.
O Senhor nos pegou no colo e logo, ao invés de estarmos sendo consolados por outras pessoas, estávamos consolando outras pessoas, pois quem estava consolando a gente era o Nosso Pai, querido Pai. Deus da eternidade.

2 Coríntios 1: 3. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, 4. que nos consola em todas as nossas tribulações, para que também sejamos capazes de consolar os que passam por qualquer tribulação, por intermédio da consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus. 5. Porquanto, da mesma maneira como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, igualmente por meio de Cristo transborda a nossa consolação. 6. Ora, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; se somos consolados é, pois, para vossa consolação, a qual vos proporciona perseverança, a fim de que suporteis as mesmas aflições que nós também estamos passando.

Agora estamos com 4 meses de gestação e esses bebês continuam vivos, mesmo com todas as adversidades. Eles sofreram um derrame no coração, e em breve acredita-se que eles irão a óbito.
Não existem expectativas para que eles vivam dessa forma.
Nós cremos que o Senhor pode todas as coisas. O Senhor pode curá-los, pode criar todos os órgãos, artérias, músculos, ossos em seus devidos lugares, separá-los de forma perfeita. Mas cremos também que o Senhor pode levá-los em breve.
E em tudo nós daremos graças! Nós entendemos que esses bebês não são nossos. Sabemos que o controle de todas as coisas está nas mãos Daquele que fez todas as coisas.
Tudo é Dele. Tudo é para Ele.
Não é sobre mim. Não é sobre nós. É sobre a eternidade.
É sobre o processo que estamos dispostos a sermos submetidos para que o caráter de Cristo seja revelado em nós.

Quando nos damos conta de que a eternidade com Cristo é o nosso lugar de origem e fim, as lutas desse mundo deixam de merecer a nossa murmuração e passam a nos deixar alegres, pois elas nos deixam mais fortes. As dores se tornam irrelevantes comparado com a grandiosidade de conhecer Jesus. Entender esse processo é viver a Palavra na pele.

Tiago 1: 2. Meus amados irmãos, considerai motivo de júbilo o fato de passardes por diversas provações. 3. Porquanto sabeis que a prova da vossa fé produz ainda mais perseverança. 4. E a perseverança deve ter plena ação, a fim de que sejais aperfeiçoados e completos, sem que vos falte virtude alguma.

Essa história ainda terá um desfecho, que em breve contarei aqui…
Mas por enquanto, estejam em oração por nós.

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